Game of Brands #12 - os games como plataforma contra a guerra
Como marcas, personalidades e estúdios estão se posicionando no cenário Rússia x Ucrânia, além de outros destaques da semana.
Salve! Voltamos com a Game of Brands nesta semana. Peço desculpas pela ausência na semana passada. A nossa companheirinha, a Neguinha, nos deixou (a da foto acima). Ela viveu conosco por quase 16 anos, e depois que casei fez uma ótima companhia para meus pais. Por isso fiquei sem clima nenhum para escrever - mal trabalhei neste dia. Me conforta saber que ela viveu bem, foi bem cuidada e agora descansou. Espero que entendam.
Isto posto, vamos ao texto da semana, com um tema também triste, mas necessário. Boa leitura!
É triste convivermos numa época tão moderna da sociedade e ainda assim assistirmos cenas de guerra ao vivo. O conflito entre Rússia e Ucrânia está tomando proporções globais a cada dia que passa. Imagina que você está em casa numa boa em um dia, e no outro você larga tudo pra trás e vira refugiado de guerra em outro país. Toda a minha solidariedade às comunidades ucranianas, que independente das razões políticas e econômicas que dirigem a guerra, é sempre o lado que mais sofre nessa história.
Isto posto, o mercado ocidental está subindo o tom das medidas e restrições à Rússia conforme os dias passam. Nos games não é diferente.
No lado dos estúdios e desenvolvedores de games, o tom é de solidariedade e restrições. A Ubisoft, que tem dois escritórios na Ucrânia, providenciou socorro financeiro e abrigo alternativo em países vizinhos para seus empregados. Estúdios independentes ucranianos como Frogwares e Vostok manifestaram seu apoio ao país e às pessoas afetadas, e foram acompanhados por diversos estúdios globais. A CD Projekt anunciou uma doação de mais de 240 mil dólares para a organização PAH, de suporte humanitário e já anunciou encerramento de vendas de seus games em território russo (online e em formato físico). Estúdios como Bungie, Crytek, Ubisoft e até The Pokémon Company se manifestaram, assumindo uma posição contra o conflito, além de encontrar maneiras de ajudar as pessoas que estão enfrentando tempos muito incertos nos próximos dias e semanas.
Isso está colocando algumas gigantes contra a parede para tomar uma atitude mais enérgica. Microsoft e Sony já sofrem pressão para desativarem suas vendas e servidores online na Rússia - e a Microsoft acaba de anunciar isto nesta sexta (04 de março) enquanto fecho a newsletter. Isso acompanha um movimento similar de empresas como Apple e Google que começam a desligar seus serviços em território russo. Poizé, a retaliação econômica através de um clique.
Por outro lado, a guerra também é espaço para disseminação de fake news usando os games. Vídeos dos jogos ArmA III e DCS: World estão aparecendo nas redes sociais como se fossem filmagens de verdade da guerra. Bizarro.
No lado dos streamers e atletas, vemos poucas manifestações mas uma preocupação grande em tentar ficar do lado mais informado da história. Já é um hit a live em que o Casimiro trouxe o professor Tanguy Baghdadi logo depois que ele participou de um programa na GloboNews - os dois discutiram, em uma linguagem leve o suficiente pro jovem entender, os impactos da guerra e quais as preocupações (e o que não deveria preocupar). Ótima sacada do Cazé.
E streamers também fazem o papel de narrar, muito de perto, o que está acontecendo. A streamer Zepla morava em Kyiv e está contando o que acontece neste momento. Ela já está segura na Polônia, e ainda ativista contra a guerra, estimulando doações.
Ah, a guerra está mais perto da comunidade de esports do que imaginamos - a lenda do CS:GO, Aleksandr “s1mple” Kostyliev, é ucraniano e sua família está refugiada na Polônia. Isso fez ele doar mais de 33 mil dólares do próprio bolso para o exército ucraniano e fazer uma declaração emocionada durante o torneio Intel Extreme Masters, que acontece neste momento em Katowice. Ele é uma voz muito importante e seu posicionamento já é algo histórico dentro dos esports.
Isso tudo nos mostra que os jogos são uma ótima maneira de unir as pessoas e, com esses e outros movimentos, a indústria está mostrando que pode fazer o bem e ajudar durante uma crise humanitária. Acho que é só o começo destas manifestações, que devem escalar conforme (infelizmente) a guerra também escala juntamente com as sanções econômicas que a Rússia está sofrendo. Fica como reflexão que os games são uma mídia de alto impacto, e seu papel em informar, esclarecer e mobilizar é fundamental.
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Para ler com calma: o caso do game This War of Mine. Desenvolvido pela polonesa 11Bit Studios, traz a perspectiva da guerra do ponto de vista dos civis que precisam vivier com os impactos de uma guerra a seu redor - isso inverte a lógica geral, onde o game é visto do ponto de vista de quem combate. O jogo é um dos recordistas de vendas do momento, por ser um desses casos em que os games ajudam a esclarecer e empatizar melhor a situação toda. Daqui eu pinço uma declaraçao do Dima Shvets que bateu de forma diferente por aqui.
“Para ser franco, se você der a verdade às pessoas no Facebook ou na mídia tradicional, elas nem sempre a veem. Mas quando você está se se entretendo brincando neste mundo, ele chega até você de uma maneira diferente.”
Deram vida ao CB! Ação bem divertida da Casas Bahia com o streamer e atleta de esports Nobru. O CB, mascote e influenciador virtual das Casas Bahia, fez sua estréia como streamer de games. E apareceu em uma live no Facebook Gaming com o Nobru, que transmitiu a interação por seu canal na Twitch. Os dois jogaram Horizon Forbidden West. Achei muito divertido e o dublador por trás do personagem mandou muito bem. E mostra que sim, os assistentes virtuais podem ganhar vida.
E o Itaú que agora tem um banco exclusivo para gamers? O Player’s Bank está operando em sistema de convites e em fase de testes, neste tipo de atendimento que terá até uma linha de crédito exclusiva para compra de periféricos. Está bem em linha com as abordagens recentes de marca do Itaú com a comunidade gamer, mas não sei bem se o gamer precisa de mais empréstimo pessoal…
A Riot Games lançou uma nova campanha para a chegada da nova temporada do game Valorant. E dessa vez vemos o retorno da personagem brasileira (e baiana) Raze, que comemora sua cultura ao som de um remix exclusivo de “Banho de Folhas”, da cantora Luedji Luna. Faz parte de abordagens mais regionais da Riot nas campanhas de seus jogos. Não é a primeira vez que a Raze aparece em campanhas do Valorant, e tomara que não seja a última - o vídeo ficou muito bom!
A Snickers acaba de lançar a campanha “Chama no Snickers”, onde diz que vai proteger os jogadores de deslizes causados pelo fato de estarem famintos. Morreu muito cedo? Teve um ataque de raiva? Fale com o chatbot no site da campanha, dê detalhes do que aconteceu e ganhe um cupom de desconto para comprar Snickers no site das Lojas Americanas. Achei interessante por ser uma campanha global bem localizada para o Brasil.
Mais um brand experience do Boticário para abordar o público gamer. A marca está presente no evento de carnaval do jogo Avakin Life com uma loja, blocos carnavalescos, concursos de moda e novas skins inspiradas nos produtos da marca. Com direito a aparição da sua influenciadora virtual, a Satiko.
Imagem da semana
Você achou que não teria, né? Mas vai ter ovo de páscoa de Free Fire, sim! Ah, e é março, já tá permitido desejar ovo de páscoa, certo?
É isso para esta semana. Não esquece de compartilhar com os amigos e colegas esta newsletter. Acho que ainda vamos voltar nesse assunto da guerra em breve. Até mais!