Game of Brands #16 - ads dentro dos jogos de consoles?
O que esperar dos rumos de Microsoft e Sony para colocar anúncios dentro dos jogos de Xbox e Playstation, e outros destaques da semana.
Salve! Semana com muita novidade, e queria dedicar um tempo pra entender melhor as movimentações dentro de Microsoft e Sony, que podem representar uma mudança significativa para estes players no mercado de mídia. Muito obrigado pelos mais de 100 assinantes aqui presentes, aliás! Muito feliz que o que eu tenho trago está em sintonia com o seu interesse. Boa leitura! _ Anderson
O assunto que movimenta os últimos dias se baseia em reportagem da Business Insider que revela que a Microsoft atua para desenvolver um programa que permitirá que as marcas exibam anúncios em jogos gratuitos do Xbox. A ideia é que os ads não atrapalhem a jogabilidade e podem aparecer em um outdoor em um jogo de corrida, por exemplo. O interessante é que o mesmo movimento acontece na Sony, para planos bem semelhantes nos jogos de PlayStation. Apenas alguns dias depois a mesma Business Insider detecta movimentos iguais na concorrente japonesa. Parece um movimento sincronizado. E tem motivos.
Caso você não saiba, sua empresa já pode exibir sua mensagem nas telas principais do Xbox e do Playstation, inclusive com representação brasileira para essa negociação.
O que as notícias revelam é diferente: anúncios dentro dos jogos mesmo, como uma experiência in game, e oferecido como plataforma de mídia. Algo que algumas empresas já praticam, como a Riot exibindo flâmulas da Mastercard no meio do mapa do League of Legends durante campeonatos de esports.
E o conceito de ads dentro de jogos já existe com product placement há muito tempo, se vermos games como Forza e a série FIFA. Em 2021, por exemplo, a EA lança Battlefield 2042 implementando anúncios para a Logitech - você anda pelo mapa da guerra e pode ver um outdoor oferecendo um teclado gamer, como viu aqui na imagem de destaque desta newsletter.
O que eu entendo que Microsoft e Sony estão querendo com este movimento é justamente oferecer jogos gratuitos suportados por publicidade como porta de entrada em seus ecossistemas. Algo que você já vê toda hora quando quer pular um anúncio durante sua jogadinha diária de Candy Crush no celular. Esses jogos conseguem ser gratuitos porque são suportados por receita publicitária. Xbox e Playstation vendem os jogos como unitários (com preços bem caros) ou por assinatura, ao estilo Netflix, com o Game Pass ou o Playstation Plus. Isso fecha um pouco a porta de entrada. Talvez um modelo de distribuição de alguns jogos gratuitos traga gamers novos para suas plataformas, e o preço para isso seria ver um personagem no meio do jogo com uma missão patrocinada pelo McDonald’s, por exemplo. E se vira plataforma de anúncios, é bem provável que se venda isso de forma progamática também - o que expandiria o alcance de empresas a estes espaços.
Para os anunciantes é sempre bom ouvir que existirá um novo ponto de contato com o público gamer. Mas existem alguns poréns, que inclusivem devem motivar a não oficialização desses planos, ainda.
Os anunciantes podem precisar de algum convencimento para participar desses programas. Anúncios que aparecem ao lado de conteúdo adulto ou violento podem ser uma preocupação, e rastrear o que os usuários fazem depois de ver um anúncio no jogo pode ser difícil.
A possibilidade de anúncios incomodarem os jogadores também é uma preocupação. Os ads podem representar alguma vantagem competitiva dentro do jogo? Eles vão atrapalhar a experiência? Como pode ser visto um anúncio no meio de um jogo pelo qual eu já paguei?
Acho que as marcas estão tendo aprendizados muito mais acelerados agora com diversas delas fazendo ações em jogos com metaversos. Porém vejo o jogador de console com um perfil muito mais exigente e crítico - já vemos algumas reações negativas ao ad da Logitech no Battlefield 2042. Vamos ter que esperar pra ver como eles reagiriam a possíveis programas de Microsoft e Sony nessa direção. Se tiverem novidades provavelmente serão divulgadas mais para o meio do ano, época de muitas divulgações no mercado gamer.
Muito legal o projeto da ONG Gerando Falcões em parceria com a Accenture. O programa de tecnologia e inovação social Favela X ganhará uma ativação dentro do popular game Roblox. O Missão Favela X vai engajar os jogadores em tarefas rumo a um foguete espacial, e também incentivar arrecadações para a ONG. Dá pra ter uma ideia da experiência do jogo no vídeo feito pelo canal Tex HS, no YouTube.
Falando em Roblox, vale olhar a entrada do Spotify neste game, com uma ilha toda dedicada à plataforma de streaming. A Spotify Island vai permitir que os jogadores criem suas próprias músicas em parceria com artistas, se encontrem em espaços digitais e tenham acesso a produtos virtuais exclusivos - cuja venda também é revertida para os artistas. Gosto de como eles estão pensando não somente como uma ativação de marca, mas também mais uma plataforma para os artistas presentes no Spotify. Roblox é um jogo de universos bem imersivos e a parceria com música faz todo o sentido.
Uma notícia triste para o mercado brasileiro é a interrupção de todas as operações globais da plataforma de streaming Nimo TV - ela continua acessível no Brasil, mas sem representação oficial agora. A decisão aconteceu por conta das sanções que a Nimo sofreu do governo chinês, que incluem limitar o tempo de jogos ou streaming para a população com menos de 18 anos do país. E isso fez com que a Tencent, investidora da Huya (grupo dono da Nimo), desistisse de financiar esse projeto global, forçando-a a encerrar as operações. A concorrente da Twitch estava no Brasil desde 2018 e era famosa pelas comunidades de streamers de jogos mobile como Free Fire e Mobile Legends - foi lá que nasceu a gigante organização LOUD, por exemplo. Com o fim das atividades no Brasil os contratos com streamers brasileiros também foram encerrados e a maioria deles deve migrar para outras plataformas. Triste - menos um lugar para o gamer brasileiro se manifestar.
E a Anitta no Free Fire, hein? A mulher está em todas. A cantora vai ser uma personagem selecionável no jogo, “a patroa”. Com direito a evento temático dentro do game e música exclusiva. O projeto “Brandnitta”, como eu chamo, anda a todo vapor, especialmente no universo gamer.
Imagem da semana
A ativação para a série de TV Halo, inspirada no game de Xbox, ficou sensacional. A arte gigante foi feita num prédio do Rio de Janeiro. A série pode ser vista no Paramount +.
“Se você pensar para onde estão indo as tendências, para onde está indo a inovação, acho que as pessoas estão passando mais tempo nesses ambientes virtuais. É fácil ser cético sobre isso, assim como as pessoas eram céticas sobre as pessoas assistindo a vídeos em celulares há 10 ou 15 anos. É muito difícil julgar exatamente qual será o impacto”.
Mark Reid, chefe executivo do grupo WPP, sobre a parceria do grupo WPP com a Epic Games. A ideia é acelerar projetos e ideias para os clientes das agências do grupo em direção ao metaverso, através de uma troca de experiências com os profissionais de ambas as empresas e um aprendizado maior na Unreal Engine, o motor de desenvolvimento de jogos da Epic.