Game of Brands #20 - Um junho cheio
Gucci, Kit Kat, hashis gamers e um calendário de eventos bem importante nos destaques desta semana.
Salve! Newsletter da semana prontinha. Desta vez não teremos um tema em foco, mas tem muita novidade legal pra destacar. Quero pegar uma das edições semanais pra mergulhar em um assunto com calma - adensar e refletir sobre um tópico requer tempo, algo raro nos meus dias atualmente. O que não me impede de ligar o radar para as novidades e trazê-las aqui. Nesta edição tem desde ações de marcas da Europa até a América Latina, e um alerta para eventos importantes que vão ocupar o interesse do público gamer em junho. Boa leitura! _ Anderson
Marcas de luxo continuam sua investida no mundo dos games, como eu falo há algumas edições. Agora vemos a nova cartada da Gucci, a Gucci Academy. Sim, isso aí: uma academia pra gamers de uma das marcas mais luxuosas do mundo. Na real, um espaço pra jovens jogadores de esports se desenvolverem. Segundo a Gucci, eles começam com 4 players que já estão competindo na FACEIT Pro League (FPL) do jogo CS:GO, com o objetivo de aumentar esse número ao longo do tempo. E o foco será mais avaliar as individualidades, como valores pessoais e habilidades sociais, e até treiná-los sobre saúde mental e marca pessoal. Interessante o movimento porque não busca só a parte esportiva, mas também a pública. Vindo de uma marca onde a influência é importantíssima nos dias de hoje, faz sentido.
Quem acompanha a Game of Brands há um tempo lembra do entrevero da publisher Activision Blizzard com seus funcionários, em meio a milhares de denúncias de condições ruins de trabalho. Pois bem, o trabalhador ganhou: A Game Workers Alliance será o sindicato que defenderá os interesses do profissional que trabalha pra a empresa. Sindicalização nos EUA é um assunto polêmico porque, diferente do Brasil, não existe essa cultura por lá - este é apenas o segundo sindicato da área de games em todo o país até agora. As empresas americanas estão resistindo bravamente - pra se ter uma ideia, os funcionários da Amazon só terão agora seu próprio sindicato, e específico para uma área de Nova York. Bom, essa os funcionários da Activision Blizzard ganharam depois de muitos meses de organização. E mostra que essa insatisfação com as condições de trabalho de um mercado que vem exigindo além dos limites dos profissionais tem limites. Melhor assim.
“Nós éramos conhecidos pela música, mas quando o game surgiu, vimos com uma necessidade de nos reinventar como projeto social. No começo, muita gente não acreditou que poderia dar certo por achar que os jovens da periferia eram diferentes dos jovens do Morumbi. Mas não, eles querem as mesmas coisas, só falta oportunidade”
William Reis, diretor executivo do Afroreggae, em debate sobre o poder dos games como transformador social no evento Proxxima, realizado em São Paulo nesta semana.
Este mês é quente no mercado de games, pois acontecem diversos eventos de anúncios de novos jogos, o que atrai a atenção dos gamers. Teríamos a tradicional feira E3, mas a mesma foi cancelada. Então os grandes anúncios acontecerão de forma mais dividida ao longo de junho. Neste link você confere a agenda do que acontece de mais importante - e todos com transmissão ao vivo. Eu recomendo assistir pelo menos 2 destes eventos: a Summer Game Fest, no dia 9 de junho (meu aniversário, alías 🎂), pela promessa de grandes revelações, e a Xbox & Bethesda Games Showcase, onde a Microsoft mostra as novidades que chegam para seu catálogo e para o Game Pass. Estes eventos lidam muito com expectativa - o gamer quer saber o que ele vai jogar nos próximos meses, então é um festival de trailers de jogos. Fica melhor ainda acompanhar os eventos com as reações das pessoas nos comentários das transmissões e pelas hashtags no Twitter.
Vale conhecer o case divertido e conscientizador de Kit Kat no Reino Unido. O Blink Break é um jogo online onde um app sua câmera do smartphone + machine learning para reconhecer um rosto e detectar suas piscadas, e isso vira um desafio que vai avançando e te comparando com piscadas de animais - encare de uma coruja a um gato. A ideia é levar a assinatura “have a break” da marca a um formato gamificado, onde você dá realmente uma pausa e se distrai com uma atividade que pouca gente faz hoje: parar para piscar mais os olhos, o que faz bem para a lubrificação dos mesmos e evita a fadiga visual que temos todos os dias pelo excesso de telas. Quem joga também é incentivado a competir e compartilhar seus resultados usando #blinkchallenge.
A marca de refrigerante peruana Guaraná Backus trouxe uma campanha bem legal em abril, com foco na quebra de estereótipos no mundo gamer. En Mi Skin busca mudar a visão do avatar feminino nos jogos, comumente hiper sexualizado. Além de convidar influencers gamers para desenhar como seriam seus avatares do jeito que elas idealizam (com gostos e visões mais reais de corpo), a campanha convida todo mundo a fazer o mesmo através do programa Core, presente na Epic Games Store. Mais uma prova de que a diversidade é uma demanda neste mercado.
Imagem da semana
Que tal os hashis (pauzinhos para comer comida oriental) gamers? 🥢 Já disponíveis para venda no Japão.
Para ler com calma
A guerra na Ucrânia afeta o público gamer, como já pontuei por aqui. E isso virou um desafio para os desenvolvedores de jogos de guerra. No King's College de Londres, os alunos estão projetando jogos que, ao invés de focar no conflito e conquista, exploram diplomacia e o impacto psicológico da batalha. A ideia é fazer com que esses jogos de guerra, conhecidos pela medição de forças e conquista de território, entrem no terreno da solução de conflitos. Iniciativa bem interessante porque muda o raciocínio por trás desse tipo de jogo e torna a relação com a guerra diferente para quem aprende sobre o mundo com esse tipo de game. E serve como um insight importante pra nós: nem toda mecânica de jogo é única, tudo é moldável.
E também: uma entrevista bem legal com profissionais da Abragames para a Games Industry, sobre como anda o mercado brasileiro de games e como nossa cultura pode contribuir para um efeito mais positivo em toda a indústria.