Game of Brands #27 - BGS 2022: menos sobre jogos, mais sobre quem joga
O que eu entendi da edição 2022 da maior feira de games da América Latina.
Salve! Sim, fui na BGS! Que saudade que eu tava de um evento de games. E desta vez fui com um olhar diferente, mais mercadológico, tentando entender como seria a maior feira de games da América Latina depois da pandemia. Bom, eu tenho uma visãio, e ela está logo aqui. Espero Boa leitura! _Anderson
Uma saudade a menos em 2022. Finalmente a Brasil Games Show voltou, no mesmo lugar (Expo Center Norte, em São Paulo) e com o espírito de ser a primeira edição presencial desde 2019, quando entramos em dois anos de restrições sociais. O evento teve duas edições canceladas e a promessa de trazer o público “de volta ao jogo", como dizia seu material promocional.
Lembro de outras edições da BGS que traziam grandes títulos ainda a serem lançados, e era a atração da feira ter filas e filas para jogar uma novidade. Gamers, imprensa, todo mundo se reunia ao redor desses jogos. No final das contas a feira sempre foi sobre isso: o mercado mostrando suas novidades.
Não foi o caso em 2022.
A BGS me marcou pela menor presença de stands de publicadoras de jogos e de novidades em geral para jogar. As maiores experiências de gameplay ficaram nos stands de PlayStation e Nintendo. A feira deixou de ser um momento para experimentar futuros lançamentos - o único mais relevante foi Street Fighter 6, no stand da PlayStation, que ainda não foi lançado mas podia ser jogado. Aliás, fez muita falta um stand de Xbox/Microsoft este ano. Assunto tinha, game tinha, interesse tinha. Fico sem entender essa decisão.
O que não quer dizer que a BGS falhou. Acho que a abordagem que se adaptou por parte dos expositores para suprir essa falta de novidades.
Pra mim a BGS passou a ser uma feira menos sobre os games e mais sobre quem joga esses games, o universo ao redor desse estilo de vida.
Por que eu cheguei nessa percepção? Por algumas constatações visitando a BGS.
Muita presença de meet & greet em praticamente todos os stands da feira. De uma loja de brinquedos até stands de marcas como Samsung e Tinder, todo lugar tinha um influenciador ou streamer ou proplayer conversando com os fãs. E atraindo filas e filas. O que era uma prática de poucos stands até a BGS de 2019 virou regra. E que funciona muito, muito bem. Filas e filas para conhecer gente de Fortnite, Free Fire, Valorant, LOL e também velhos conhecidos youtubers.
Não é nada novo na vida da BGS, tá? Youtubers e criadores de conteúdo sempre visitaram a feira e animavam stands da Warner Games, por exemplo. Mas com a democratização das plataformas de conteúdo, muito mais gente nova apareceu, especialmente durante as restrições sociais e finalmente tiveram o primeiro contato pessoal com seu público.
E isso virou estratégia de praticamente todos os expositores: vamos trazer alguém pra tirar foto, apresentar algo, jogar com a galera… Era algo muito esperado por ambos os lados, e foi plenamente correspondido. Era só checar as agendas de presença dessas celebridades do game tomando stands da Twitch, YouTube Gaming, Tik Tok. Foi uma feira para o fã encontrar seu creator favorito.
Outro ponto que mostra esse estilo de vida mais latente: os esports estavam por todo o lugar. LOUD, Fluxo, Team Liquid, MiBR, Furia… stands de todos os tamanhos e tipos foram destinados para organizações de esports, com presença cativa de atletas de suas escalações. Até stands de marcas como Samsung e Fast Shop abrigaram lugares para pequenos campeonatos regionais ou showmatchs (jogos amistosos). Isso pra mim é consequência do crescimento do interesse por esports durante a pandemia, e bons momentos de desempenho brasileiro em algumas modalidades de games, como Free Fire e Valorant. Formou-se uma audiência cativa que teve na BGS seu primeiro grande contato com os jogadores e times que segue.
Engraçado perceber isso e ao mesmo tempo entender outro ponto, esse sim uma percepção negativa. Marcas não-endêmicas não aumentaram na BGS, foi praticamente uma reposição de elenco. Eu realmente esperava mais marcas de estilo de vida na BGS, mas o número foi bem semelhante a 2019. Saíram grandes players como Gillete e Fanta, e chegaram novos como Marvel, Tinder e Monster Energy. Parece que muitas marcas apostaram na comunicação com o público gamer nos últimos anos, mas isso não se traduziu em presença na feira. Banco do Brasil, Outback e SBT continuam com presença cativa e stands que só melhoraram com o tempo, trazendo mais atividades e - claro - influenciadores.
Do ponto de vista de branding, as marcas entenderam rápido que os criadores de conteúdo representam a comunidade, e proporcionar esses encontros era a melhor saída para se fazerem relevantes dentro da BGS. Funcionou para a maioria deles. Eu, o gamer véio (rs) fico triste pela ausência dos jogos novos e espero que eles apareçam mais na edição do ano que vem.
Porém, a tendência de mais e mais personagens da comunidade dominarem a feira, pra mim, não vai embora. Só deve aumentar. E caso isso aconteça é bem capaz de vermos uma mudança no perfil de expositor na feira ao longo do tempo. Vai ser menos sobre os games e mais sobre as pessoas. Isso deve ficar no radar de toda marca que planeja a BGS no seu calendário de marketing.
É isso para esta semana. Não esquece de compartilhar com os amigos e colegas esta newsletter. Até mais!