Salve! Game of Brands pronta e… desculpa, era pra essa edição sobre NFTs sair antes. Mas já que tivemos poucas notícias esta semana, tomei uma dose extra de gás e consegui terminar a edição. Espero que gostem do compilado. Até semana que vem!
As dores e as delícias do NFT
Os tokens não fungíveis baseados em blockchain (NFTs) se tornaram um fenômeno viral desde que chegaram ao mercado. É bem complexo explicar de maneira simples, mas vamos tentar - até porque você tem que entender como as marcas entram nisso, e o que está acontecendo. Tomei emprestado a explicação do TechTudo, com algumas alterações.
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Eles são um tipo de assinatura digital que transforma qualquer tipo de mídia digital — um GIF ou JPEG, fotos, vídeos, mensagens, arquivos de áudio etc. — em um bem não-fungível. Em economia, bens desse tipo são aqueles que não são únicos e são intercambiáveis: uma moeda de R$ 1 é um bem fungível porque, se você trocá-la por outra, você continua com R$ 1.
Exemplo: eu e você temos a mesma cópia de um meme famoso, mas digamos que você é o criador e atrelou o meme a um NFT, que atesta sua posse da cópia "original" desse meme. Na prática, a sua cópia do meme é a "original" e, assumindo que há alguma demanda por ela, pode despertar o interesse de colecionadores de arte, que agora andam investindo nesse mercado. O NFT atrelado a um "bem" digital comum, com bilhões de cópias na Internet, serve para criar uma escassez em torno desse item, já que no meio desse bilhão de cópias, apenas uma tem esse atestado de "originalidade".
Para resumir, portanto: NFTs são um tipo de atestado digital, verificado por blockchain (a mesma tecnologia de descentralização das criptomoedas), que transformam as mídias digitais únicas em originais perante cópias comuns. Uma imagem, foto, vídeo, música, mensagem, postagem em rede social, etc - todos esses formatos podem estar atrelados a um NFT.
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E sim, as marcas estão entrando de cabeça no mundo dos NFTs. De vários jeitos:
Monetização. É o mais comum, pois permite às marcas capitalizar em vastas piscinas de propriedade intelectual. O SBT, por exemplo, está vendendo imagens do seu acervo de mais de 40 anos em NFT.
Collabs. Já é comuns vermos coleções exclusivamente em NFT de marcas, como a Atari e a marca de tênis virtual RTFKT que colaboraram em um par de tênis virtuais como parte de uma série limitada. Esse da imagem acima.
Ampliar mensagens. A Campbell’s Soup renovou seu rótulo para um visual mais limpo e moderno e comemorou a mudança com 100 NFTs com a ajuda da artista Sophia Chang, que trabalhou com Nike, Apple e Puma. A Adidas está fazendo um barulho com um NFT “misterioso”.
Benfeitoria. Marcas estão lançando NFTs e doando os lucros para projetos sociais ou caridade. Como a Carl’s Jr e Hardees, por exemplo, que leiloaram uma obra de arte com os lucros indo para uma organização sem fins lucrativos. A banda Kings of Leon usou NFTs para leiloar itens entre os fãs e arrecadar mais de US$ 2 milhões (R$ 11 milhões), usados em ações beneficentes.
De forma sustentável. O processo de NFT é similar ao da mineração de bitcoins e gasta muita energia. Por isso já existem empresas como a Aerial, uma plataforma de sustentabilidade que ajuda as marcas a compensar suas emissões de carbono causadas pela criação de NFTs.
E tem mais uma lista atualizada aqui, em tempo real, pela Ad Age (cases internacionais), que vale acompanhar.
Beleza, entendido. Mas… o que os games têm a ver com isso?
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Uma das principais razões por trás do rápido retorno dos NFTs é a ascensão dos jogos baseados nesse padrão, que aplicam o efeito de rede social dos NFTs a projetos de games baseados em blockchain com NFTs inclusos, em um mecanismo que incentiva e recompensa os jogadores - e estão transformando o ato de jogar em investimento financeiro. A ascensão meteórica do Axie Infinity é um excelente exemplo. O cryptogame construído na blockchain Ethereum permite que os jogadores comprem animais de estimação digitais semelhantes a Pokémon, chamados Axies, como NFTs. Os jogadores podem cruzar, lutar e trocar seus Axies entre si para ganhar tokens no jogo, como o token Axie Infinity Shard (AXS). Mais importante ainda, esses tokens são denominados na moeda ETH e estão disponíveis para venda em várias plataformas de troca de criptografia para investidores que desejam possuir esses tokens, mas não querem jogar o jogo. É como se a troca de Pokémons fosse igual a compra e venda de ações na Bolsa de Valores, e você nem precisa jogar Pokémon.
Pra você ter uma ideia, games NFT já são algo que está mudando a economia de alguns países como a Indonésia - lá, jogadores consegue lucrar muito mais do que o salário mínimo da região e estão abandonando seus empregos pelos NFT games. De acordo com dados do DappRadar, os cinco principais marketplaces NFT viram US$ 2,42 bilhões em volume de transações no total. É muito dinheiro.
As primeiras experiências de marcas com NFT games já começaram. Para comemorar seu 200º aniversário, a marca de luxo Louis Vuitton desenvolveu um jogo para celular, “Louis: The Game”, no qual os jogadores podem coletar 30 NFTs grátis, junto com 200 velas, enquanto seguem o mascote da marca Vivienne até Paris. Além disso, dez NFTs criados por Beeple estão embutidos no jogo. Em contraste, a Burberry está fazendo parceria com a Mythical Games, uma startup de jogos NFT, para integrar os NFTs como itens de roupas do jogo apresentados em um próximo jogo chamado Blankos Block Party.
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O que eu enxergo: os NFTs como jogos podem ser uma ótima ferramenta para educação financeira e ensino de conceitos de investimento, o que para marcas deste mercado pode ser bem valioso. E ao mesmo tempo um problemaço de especulação financeira que pode levar jogadores à falência sem orientação e limites, e por consequência algo que as marcas vão querer passar longe. O mercado já discute abertamente um crescimento ainda maior deste segmento ano que vem, acompanhado de algum tipo de regulação das lojas online e até dos países - afinal, são economias sendo impactadas por essa nova fonte de ganhos. E existe uma forte conexão desse ecossistema monetário descentralizado com outra palavrinha muito ventilada por aí: o metaverso.
É só o começo e vejo uma oportunidade de marcas mais “lovebrands” se conectarem fortemente com esse espírito colecionável que o NFT traz e o ambiente digital é um laboratório ideal para testar e validar essas experiências. Mas inevitavelmente esse conceito vai conviver com o impacto negativo de jogos NFT com caráter especulativo. Ainda vai dar muito barulho essa intersecção, ou a falta da mesma.
Imagem (e álbum) da semana
Essa é a capa do álbum novo da rapper brasileira Flora Matos, “Flora de Controle”. Bons grooves pra acompanhar a rotina. Já disponível no Spotify ou no seu player preferido. Amei essa capa.
Notas rápidas
O Fashion Awards (uma espécie de Oscar do universo da moda) inaugurou uma nova categoria na sua última edição que aconteceu em Londres. Os nomeados para o “Fashion Award for Metaverse Design” foram todos jogadores-criadores da plataforma de jogos online Roblox. As inscrições foram avaliadas por um painel de especialistas em moda e o prêmio foi entregue pelo diretor criativo da Gucci, Alessandro Michele, em forma de avatar digital. Achei chique.
Olha quem chegou na Twitch: Ronaldo! O canal do Fenômeno estreou em novembro e traz conteúdo de jogos, futebol, entretenimento e até mesmo campeonatos de esports, além de outros eventos especiais. Ele se junta a outros esportistas que fazem lives na plataforma, como Neymar.
Curte Radiohead? Recomendo ligar seu videogame. Para celebrar os mais de 20 anos do lançamento dos álbuns Kid A e Amnesiac, o grupo criou o “Kid A Mnesia Exhibition”, um museu virtual que apresenta músicas e obras de arte, e está disponível gratuitamente para PC, Mac e PlayStation5.
E é isso pra essa primeira semana de dezembro. Muito obrigado a quem está por aqui assinando, compartilhando, enviando a news para amigos. Façam isso!
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